quinta-feira, 18 de junho de 2020

ENSINO PRÉ E PÓS-GRADUADO NUM
HOSPITAL GERAL CENTRAL EM COIMBRA

Ensino pré-Graduado
Passados apenas quatro anos da inauguração do Hospital dos Covões, o Centro Hospitalar de Coimbra criou a Unidade de Ensino Clínico do CHC. Integrada na Universidade de Coimbra, com um Corpo Docente e um Conselho Pedagógico próprios, partilhava com a Faculdade de Medicina de Coimbra a docência do Curso de Medicina, dando as aulas teóricas e práticas das cadeiras dos três anos do ciclo clínico, isto é, da segunda metade do Curso. Assim se manteve durante vários anos, havendo, portanto, muitos médicos, agora ilustres, que lá estudaram e tiraram o seu curso de Medicina. Só quando surgiu a implantação do numerus clausus nesse curso, entrando logo apenas noventa alunos (!) em vez das três centenas habituais, essa acção docente foi descontinuada, por obviamente não necessária.
Mas os valores do numerus clausus foram crescendo. Até a várias centenas de novo… e os alunos voltaram a ir para os Covões, agora por conta da Faculdade de Medicina, para algumas aulas teóricas nalgumas cadeiras, mas sobretudo práticas e estágios hospitalares em cadeiras clínicas do actualmente existente mestrado integrado de Medicina. Mostrando abertura e inteligência da Faculdade de Medicina, e deixando para trás alguns espectros de endogamia arrogante de outrora.
Com os alunos entrados cada ano a atingirem as cinco ou seis centenas – e a aumentarem ainda mais já no próximo ano lectivo -, com turmas práticas em cadeiras clínicas de 30 e 40 alunos (!), é óbvio que não faz qualquer sentido tentar-se desactivar como Hospital o outro Hospital Geral Central em que os estudantes de Medicina de Coimbra até agora estagiavam e podiam aprender em boas condições. Fazer isso não poderá ser por desconhecimento da realidade, nem só por incompetência.
Aliás, a dificuldade nas aulas práticas e estágios clínicos dos alunos de Medicina é reconhecida quando se prevê agora a sua ida também para clínicas privadas. Que está a ser combinada, acompanhando a desactivação do hospital público para onde iam até agora… Como se pudesse ser a mesma coisa! Como se a função duma clínica privada não fosse ganhar dinheiro tratando doentes!
Ensino pós-graduado
Desde 1973 que o Hospital dos Covões foi sede de formação pós-graduada, quer de formação geral quer de formação especializada. Foram milhares de internos que por lá passaram em 45 anos, e se formaram como especialistas.  Especialistas de qualidade espalhados por todos o país e pelo estrangeiro, todos com uma relação de amizade e de gratidão por uma instituição que se pautou sempre pelo humanismo nas relações interpessoais, entre profissionais e de profissionais para doentes. E que ressalta ainda mais quando se compara com outras instituições.
As vagas abertas ao longo dos anos nos vários serviços contribuíram antes de mais para que mais jovens médicos pudessem escolher a especialidade que gostavam, e mais especialistas se formassem em Portugal, dentro das condições mínimas de qualidade que essa formação exige.
E os internos tiveram no Hospital dos Covões a possibilidade de trabalhar em serviços que, nas várias áreas – e não só nas mais badaladas na comunicação social -, muitas vezes apresentaram inovações, novidades, avanços, resultados, apreciados e elogiados, referidos e seguidos quer nacional quer internacionalmente. E que lhe construíram o nome, quer interpares quer entre os doentes que a ele sempre acorreram, e querem acorrer, e para isso se manifestam. E que têm tornado tão difícil encerrá-lo…
E pergunta-se então: quem quer acabar com este Hospital? E porquê??...

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